A história do Beato Francisco Kesy e seus quatro jovens companheiros mártires é um pungente testemunho de fé e resistência em um dos períodos mais sombrios da história, a Segunda Guerra Mundial. Esses jovens salesianos poloneses, pertencentes à Família Salesiana, foram vítimas da perseguição nazista que se abateu sobre a Polônia a partir de 1º de setembro de 1939.

O Contexto da Perseguição

Com a invasão da Polônia por Hitler, a vida religiosa e as instituições católicas foram violentamente reprimidas. As casas salesianas foram ocupadas, e a juventude, em especial, tornou-se alvo de controle e doutrinação. No entanto, muitos jovens, como Francisco Kesy e seus amigos, continuaram a se reunir secretamente para viver sua fé, muitas vezes em jardins afastados e bosques.

Quem Eram os Mártires?

Os cinco jovens mártires são:

1. Francisco Kesy: Nascido em Berlim em 13 de novembro de 1920, mas morou com a família em Poznan. Era aspirante no seminário menor salesiano em Lad. Com a ocupação, empregou-se em uma fábrica. Recebia a comunhão quase diariamente e rezava o terço à noite.
2. Czesław Józwiak: Nascido em Lazyn em 7 de setembro de 1919. Possuía um caráter enérgico e um espírito de sacrifício, sendo muito respeitador.
3. Edward Kazmierski: Nascido em Poznan em 1º de outubro de 1919. Caracterizava-se pela sobriedade, prudência e bondade. No oratório, desenvolveu notáveis dotes musicais. Durante a prisão, demonstrou grande amor pelos companheiros e não nutria ódio pelos perseguidores.
4. Edward Klinik: Nascido em Poznan em 21 de setembro de 1919. Era um líder natural, cheio de entusiasmo e fé, sempre disposto a ajudar.
5. Jarogniew Wojciechowski: Nascido em Poznan em 5 de novembro de 1922. Era um jovem meditativo, dado a aprofundar a visão das coisas. Distinguia-se pelo bom humor, empenho e testemunho.

Prisão e Martírio

Em setembro de 1940, Francisco Kesy e seus quatro companheiros foram presos sob a acusação de pertencer a uma organização ilegal (provavelmente ligada à resistência ou à Igreja Católica). Eles foram levados para a temível Fortaleza VII, perto de Poznan, onde foram submetidos a torturas e interrogatórios. Em seguida, foram transferidos para várias outras prisões, nem sempre permanecendo juntos, o que aumentou o sofrimento. Ao longo de dois anos de cativeiro, esses jovens mantiveram uma notável espiritualidade salesiana. Rezavam continuamente o terço, faziam novenas a Dom Bosco e a Maria Auxiliadora, e não abandonavam as orações da manhã e da noite. Tentavam manter contato com suas famílias através de mensagens secretas, nas quais davam ânimo, pediam e asseguravam orações. Quando possível, celebravam com alegria as festas litúrgicas, mesmo dentro de suas celas. A fé deles jamais vacilou, tornando-os "testemunhas críveis até ao fim". Finalmente, foram reconduzidos a Poznan, julgados e acusados de alta traição, sendo condenados à morte. Em 24 de agosto de 1942, foram martirizados por decapitação em Dresden, na Alemanha.

Reconhecimento da Igreja

O testemunho heroico de fé desses cinco jovens não foi esquecido. O decreto de seu martírio foi publicado em 26 de março de 1999, e eles foram beatificados pelo Papa São João Paulo II em 12 de junho de 1999, durante sua visita à Polônia. O Beato Francisco Kesy e seus quatro companheiros são celebrados em 12 de junho, e sua memória serve como inspiração para todos os jovens e fiéis, lembrando que a verdadeira liberdade está na fidelidade a Cristo, mesmo diante das maiores adversidades. Eles representam a coragem da juventude salesiana e a resiliência da Igreja na Polônia diante da opressão.